Há alegria ao relacionar-se com Deus

Por Eliseu Antonio Gomes

Na entrada de uma determinada casa há uma placa com a seguinte frase: "Reconhecido ou não, Deus está aqui." É aceitável acreditar que o autor da mensagem inspirou-se no profeta Oseias, que escreveu palavras parecidas ao povo hebreu por volta de 755-715 a.C. (Os 6.1-6).

Realmente, é uma fato: Deus está aqui, ali, em todos os lugares ao mesmo tempo. Mas para sentir-se e estar bem na presença do Senhor, é preciso conhecê-lo e não frustrar suas expectativas sobre nós. 

Então, busquemos conhecê-lo cada dia mais. Ao conhecer quem Deus é, voluntariamente, o cristão passa a ser praticante da Palavra, desencobre seus pecados, confessa-os e os abandona. Torna-se um bem-aventurado.  

Oseias encorajou o povo israelita a empreender esforço no sentido de ouvir a Palavra do Senhor. Por esquecer a presença de Deus, Deus não se manifestava no meio da nação, que vivia dias de infidelidade e falta de amor. O desprezo do povo para com Deus era tão grave que não havia mais espaço para o Senhor na mente dos israelitas (Os 4.1; 6.3; Sl 10.4). 

Infelizmente, inclusive no ambiente religioso dos dias atuais ocorre situação parecida. Alguns manuseiam a Bíblia, com os seus Dez Mandamentos e instruções sobre o pecado e a pureza, e deduzem que Deus é um estraga-festas. Imaginam que as medidas apresentadas por Deus sobre nossas atitudes e relações sociais são obstáculos que atrapalham circunstâncias de alegria. 

Apesar de conhecer a vontade de Deus, um dia Davi afrouxou-se em sua fé e pecou contra o Senhor. Ao enredar-se no pecado, percebeu que não existia prazer real e duradouro ao experimentar todos os seus interesses, meramente humanos e terrenos. Ao contrário, sentiu tristeza no momento em que pecava, permaneceu em aflição enquanto recusava-se a confessar a sua transgressão. 

Diante desta experiência ruim, Davi escreveu o Salmo 32, relacionando alguns detalhes que nos leva a permanecer em comunhão e a prosseguir no conhecimento do Senhor. Este salmo é um texto poético extraordinário, transmite com clareza o conceito seguro sobre a origem da verdadeira alegria.

1. Apenas quem possui personalidade sincera e confessa o pecado é perdoado (32.2);

2. Após uma confissão sincera, há descanso para a alma (32.5);

3. A presença de Deus é lugar no qual recebemos o conforto da nossa remissão (32.5);

4. Deus é o nosso instrutor e condutor (32.7);

5. Deus perdoa a quem se arrepende, mas prefere a vida em estabilidade quanto à obediência (32.9).

Davi só vivenciou a alegria plena ao ser perdoado e reconquistar a consciência tranquila. Seu conhecimento profundo sobre Deus nos faz saber que a verdadeira felicidade provém da comunhão ao relacionar-se com Deus. 

Através dos textos proféticos de Oseias e da poesia de Davi, compreendemos que o perfeito conhecimento de Deus significa entender que Ele continua próximo mesmo em nosso desapontamento. É aceitar que Ele está perto tanto nas horas de alegrias quanto em momentos de tribulações - e sempre contribui para o nosso bem (Rm 8.28). 

Conhecê-lo, realmente, significa admitir que é Ele quem nos capacita a ter um sono revigorante e a ter aptidão para concluir nossa obrigação diária a tempo e com o orçamento estipulado. É olhar para o prato, durante o almoço ou janta, sabendo que a provisão de ingredientes e da cozinha onde a comida foi preparada é consequência de cuidados pormenorizados do Senhor em favor de cada um de seus servos fiéis.

O resultado do conhecimento e da obediência a Deus não é aborrecimento, melancolia ou chateação. Mas, sim, uma vida de contentamento e alegria abundante. A única maneira de ser feliz e alegre é ter comunhão com o Senhor, o que só é possível quando nossa consciência está limpa e experimentamos o seu perdão (1Jo 1.8-9). Assim como um jardim não floresce à contento se o matagal crescer desordenadamente, só recebemos a plenitude da alegria quando permitimos que Deus retire do nosso coração todas as coisas que sufocam a vida espiritual.  

E.A.G.