Por Ciro Sanches Zibordi
A lição 11 das Lições Bíblicas da CPAD do próximo domingo (15 de junho de 2014) tem como título “O presbítero, bispo ou ancião”. Muito bem comentada pelo pastor Elinaldo Renovato de Lima, sua verdade prática diz: “O presbítero deve ser constituído por pessoas idôneas para auxiliar na administração da igreja local”. Este artigo é uma modesta contribuição aos professores e alunos da Escola Bíblica Dominical que utilizam o material da CPAD.
Segundo o Novo Testamento, há pelo menos quatro escalões de trabalho na igreja: o ministério principal, formado por apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e ensinadores; o presbitério, que é um ministério auxiliar local; e o diaconato, um trabalho auxiliar material, que envolve os diáconos reconhecidos (consagrados) pela igreja e os que fazem o trabalho como cooperadores. O quarto escalão é formado por outros trabalhos auxiliares: professores, líderes de louvor, círculo de oração, comissões, etc.
À luz da passagem de 1 Coríntios 12.28, há uma hierarquização dos dons e ministérios do Espírito, a qual é feita pelo próprio Deus, que realiza todas as coisas com ordem, respeitando o princípio da prioridade (cf. 1 Co 14.26,40; 15.23; 1 Ts 4.16,17; 5.23; Cl 2.5). Tal hierarquização existe, não para que o portador de certo dom ou ministério se considere superior aos outros, e sim para que haja ordem na obra do Senhor.
O Novo Testamento mostra que Deus pôs na igreja primeiramente apóstolos. Isso é uma alusão a um ministério, e não a título. Hoje, muitos se autoproclamam apóstolos. Mas os verdadeiros apóstolos são homens de Deus, enviados por Ele, com grande autoridade, e não com autoritarismo. Formam a liderança maior da igreja, independentemente dos títulos usados pelas igrejas locais — como pastores-presidentes, bispos, pastores, presbíteros, etc. Em segundo lugar, o Senhor pôs na igreja profetas, isto é, pregadores (pregadores, mesmo!) da Palavra de Deus, portadores de mensagens proféticas. E, em terceiro lugar, Ele deu à igreja doutores (At 13.1), isto é, ensinadores chamados por Deus que atuam juntamente com os apóstolos e profetas.
Há casos, como o de Paulo, em que três ou dois dos ministérios mencionados (apóstolo, profeta e doutor) se intercambiam ou se inter-relacionam (1 Tm 2.7). Os ministérios de pastor e evangelista (Ef 4.11) certamente, em alguns casos, se combinam; e ambos fazem parte dos três primeiros itens mencionados na lista de 1 Coríntios 12.28, visto que são títulos relacionados com a liderança maior da igreja. Depois desses três ministérios, mencionam-se milagres, dons de curar, socorros, governos (líderes de grupos menores diversos), variedades de línguas, etc. Observe que o ministério da Palavra tem mais prioridade para Deus do que os dons ligados a milagres e curas!
Na hierarquização feita por Deus, os presbíteros estariam depois do ministério principal — formado por apóstolos, pregadores [profetas e evangelistas] e mestres. Mas é bom lembrar que o termo “presbítero” é empregado no Novo Testamento com dois sentidos: o de supervisor geral ou bispo (2 Jo v.1; 3 Jo v.1; 1 Pe 5.1, gr. “sumpresbuteros”); e o de obreiro auxiliar, local (1 Tm 3.2; Tt 1.5,7; At 14.23).
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Pr. Ciro em Sagres, Portugal |
O apóstolo Pedro fazia parte do ministério principal da igreja e estava acima, hierarquicamente, dos anciãos(presbíteros) e dos irmãos, como lemos em Atos 15.23. Mas o mesmo apóstolo, em 1 Pedro 5.1,2, assevera: “Rogo, pois, aos presbíteros, que há entre vós, eu, presbítero como eles [...] Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós”. Vemos, aqui, claramente as duas modalidades de presbítero: supervisor (gr. “sumpresbuteros”, a exemplo de Pedro) e os auxiliares do ministério principal(gr. “presbuteros”).
Para a função de presbítero, como obreiro auxiliar, há três títulos sinônimos, no Novo Testamento, os quais não representam diferença, quer no cargo, quer na responsabilidade: “presbítero” (Tt 1.5), “ancião” (At 11.30; 15.2-6; 20.17) e “bispo” (At 20.28). Os presbíteros, bispos ou anciãos formam um corpo de auxiliares imediatos da liderança da igreja, os quais cooperam ativamente com o ministério principal no apascentamento do rebanho (1 Tm 4.14; At 20.28; 1 Pe 5.2; Jo 21.15-17). Em Atos, por exemplo, eles são mencionados junto com os apóstolos (At 15.2-6,22), o que denota a subordinação deles ao ministério principal da igreja.
Finalmente, o sentido original de “presbítero” é “idoso”, “ancião” (At 2.17; Hb 11.2; 1 Tm 5.2). Mas o termo grego “presbuteroi”, associado a “episkopoi”, diz respeito ao obreiro maduro, preparado, não necessariamente idoso. Os termos originais citados são intercambiáveis e indicam a natureza do trabalho (At 20.17,28) e a maturidade espiritual para se exercer a obra do presbitério. Não confunda, pois, “anciãos” (gr. “presbuteros”) com “anciãos” (gr. “gerousia”). Este denota um “conselho de anciãos, homens idosos”, e aquele se refere a obreiros auxiliares maduros, preparados, independentemente de suas idades.
Pastor a paz do Senhor,
ResponderExcluirMeu nome é Orlando, sou de Aracaju-SE e sou da IEADSE, e amo a escola Biblica dominical, tenho uma pergunta que normalmente causa muita polemica. Nos casos citados pela Biblia para quem deseja o episcopado, em Tito 1 e em 1 Timóteo 3, está traçado uma série de pré-requisitos para que a ordenança dos mesmos seja efetuada (creio eu os verdadeiros chamados por Deus as possui). Entre elas está uma em Tito 1:5 que deixa claro que a pessoa que irá ser consagrado deve ter, e não que é para quem já está consagrado, como ouvi hoje na EBD.
"Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam, e de cidade em cidade estabelecesses presbíteros, como já te mandei:"
Em 1 Tm 3:7 tem um critério curioso, que chama minha atenção, mas que não é aceito por quase nenhum irmão, que é a boa fama para os que estão fora da Igreja que é:
"Também deve ter boa reputação perante os de fora, para que não caia em descrédito nem na cilada do diabo."
Portanto, segue a pergunta, pensando nesse texto para quem vai ser escolhido para presbitero pode ser um ex tudo: estuprador, pedófilo, assassino em série, ou que matou o pai ou a mãe ou os filhos. e todos esses pecados de morte?
Fico pensando - qual o testemunho desse cara para os que estão de fora?
Não estou questionando aqui a salvação dos mesmos, a nova vida ou o serviço a Igreja, estou aqui questionando a elegibilidade dos mesmos para episcopado, assim como os demais critérios:
Timóteo 3.1-7
1 Esta afirmação é digna de confiança: se alguém deseja ser bispo, deseja uma nobre função.
2 É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, sóbrio, prudente, respeitável, hospitaleiro e apto para ensinar;
3 não deve ser apegado ao vinho, nem violento, mas sim amável, pacífico e não apegado ao dinheiro.
4 Ele deve governar bem sua própria família, tendo os filhos sujeitos a ele, com toda a dignidade.
5 Pois, se alguém não sabe governar sua própria família, como poderá cuidar da igreja de Deus?
6 Não pode ser recém-convertido, para que não se ensoberbeça e caia na mesma condenação em que caiu o diabo.
7 Também deve ter boa reputação perante os de fora, para que não caia em descrédito nem na cilada do diabo.
Orlando Gomes
orlando.sgomes@hotmail.com
Olá Nando, obrigada pela visita. Sua pergunta é válida e acredito ter ficado satisfeito com a resposta do Pr. Ciro.
ExcluirAbs
Caro irmão Orlando Gomes,
ResponderExcluirA paz do Senhor.
Sua pergunta, antecedida de uma abordagem bastante coerente, à luz da Bíblia, é muito importante. De fato, a "boa reputação perante os de fora, para que não caia em descrédito nem na cilada do diabo" deve ser considerada pela igreja, ao consagrar obreiros para o Santo Ministério. Creio que é preciso muita oração, observação, discernimento, bom senso, etc. por parte da liderança eclesiástica. Afinal, até que ponto os "tempos da ignorância" devem ser considerados ou ignorados, ao se avaliar a boa reputação?
Tivemos um caso recente em uma igreja de Minas Gerais, em que um famoso ator da TV Globo que assassinou uma atriz (um crime hediondo) saiu da prisão depois de pouco tempo e começou a exercer um ministério. Isso gerou grande revolta por parte da mãe da atriz assassinada e provocou muitas críticas por parte dos evangélicos de várias denominações. Outro caso foi o do cabo Bruno, um justiceiro que matou inúmeras pessoas e converteu-se na cadeia. Ao sair, passou a pregar nas igrejas. Acabou sendo assassinado.
Por outro lado, a Bíblia, de fato, assevera que Deus não leva em conta os tempos da ignorância (At 17.30ss). E, nesse caso, um ótimo exemplo é Saulo, também chamado Paulo. Antes, perseguidor dos cristãos; depois, perseguido por causa do Evangelho. Se a boa reputação, nos tempos da igreja nascente, abarcasse os "tempos da ignorância", Paulo não teria a mínima chance de ser reconhecido como ministro do Evangelho. Mas ele veio a se tornar o maior referencial do cristianismo depois do Senhor Jesus!
Por conseguinte, essa questão levantada pelo irmão é realmente delicada e exige muita atenção por parte da liderança da igreja. Penso que não devemos abordá-la de modo dogmático ou generalizante. É melhor tratar cada caso de modo especial, com muito cuidado, equilíbrio e, sobretudo, muita oração, discernimento e observação. Deus é poderoso para transformar água em vinho, mudar o ser humano completamente. Mas, perante a sociedade, é difícil que sua vida pregressa seja completamente esquecida.
Em Cristo,
Ciro Sanches Zibordi
Olá Ciro,
ExcluirMuito boa a resposta.
Parabéns pelo excelente comentário.
Abs
O pastor Ciro Sanches Zibordi deveria ser um dos comentaristas das Revistas de Jovens e Adultos da EBD.
ResponderExcluirOlá Joabe,
ExcluirBoa sugestão.
Abs
Pastor Ciro, eu consegui entender a resposta, porém, me jogou a outra pergunta, na resposta o Sr citou o caso de Saulo, porém Saulo era Judeu, fariseu. Nesse caso os de fora também eram judeus, e para eles acredito que seu testemunho para os que estava de fora era o melhor possível, acredito eu!
ResponderExcluirVejo muitos casos de Pastores que foram presos, sob muitas acusações, que inclusive não pode ser provada de fato, se eu fosse esses pastores, mesmo estando preso injustamente não retomaria o ministério, justamente pensando na barreira ou impedimento que causaria ao evangelho. Na verdade pastor, o que percebo é que para muitos a Salvação não é o suficiente eles querem ser ministros, mas na verdade sem pensar no evangelho! Não entendem que no céu o menor é o maior. Isso também me leva a pensar no caso que os ex-tudo cometem tal crime em países onde tem uma lei válida, essas pessoas se convertem, são selados para a Salvação e depois pegam uma pena de morte, o que temos visto no Brasil é que eles cometem crimes monstruosos e depois se convertem e ganham uma unção pastoral!
Isso muito me preocupa, penso que todos esses critérios inclusive o dos filhos, deveriam ser cumpridos a risca, e até consagrar menos ministros, quando analiso os "nossos" históricos de escândalos vejo que em sua maioria são procedentes de um desses casos.
Admiro muito seu ministério, se puder responder só mais essa pergunta eu agradeço!
Abraço!
Caro irmão Nando Gomes,
ExcluirA paz do Senhor.
Saulo, também chamado Paulo (At 13.9), era judeu, da tribo de Benjamim, mas era perseguidor dos cristãos. Houve, inclusive, rejeição a ele, quando tentou se integrar à igreja em Jerusalém. Foi Barnabé quem fez a aproximação dele com os apóstolos. E Paulo veio a se destacar exatamente entre os gentios, em Antioquia da Síria, de onde foi enviado como missionário (At 13). Ele se tornaria pregador, apóstolo e doutor dos gentios (1 Tm 2.7). Para Deus, nada é impossível.
Entendo quando o irmão diz que "para muitos a Salvação não é o suficiente". Há obreiros que, mesmo não tendo sido chamados para o pastorado, querem ser pastores a tudo custo, por exemplo. Por outro lado, há pessoas verdadeiramente chamadas por Deus que têm uma vida pregressa nada elogiável. Mesmo assim, Deus é poderoso para tornar água em vinho.
Diante do exposto, voltamos à resposta anterior. Penso que, em regra geral, todos os requisitos constantes da Bíblia devem ser levados em consideração para a consagração de alguém ao Santo Ministério. Entretanto, há casos excepcionais, como o de Paulo. Um grande abraço, amado irmão. Grato por suas palavras.
Ciro Sanches Zibordi
Acredito que Paulo foi rejeitado pelos Cristãos (Os de Dentro), mas para os Judeus ele era um bom exemplo, pois seguia a lei de Deus. Eu entendi a posiçao do PR, muito obrigado msm pela resposta, vou pensar mais nela! Deus abençoe, gosto de seu material!
ResponderExcluirIrmã Carla, a paz do Senhor.
ResponderExcluirAgradeço-lhe pela publicação do texto em seu excelente blog. Grato, também, pelas palavras dirigidas a mim neste espaço de comentários. Um abraço.
Ciro Sanches Zibordi