7ª Conferência de ED CPAD
“Mas, se alguém não cuida dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé e é pior que o incrédulo” (1 Tm 5.8).
Profa Elaine Cruz - RJ
Resumo
Dentro do casamento, os conjugues são diferentes, as idades e vivências são distintas, e o modo como as visões de mundo e os diálogos se estabelecem são diversos, inclusive para outros pares integrantes da mesma geração. Assim sendo, como conciliar os parâmetros? Como saber quais são os fundamentos importantes para que esta uma família cresça segura? Como analisar os conceitos pessoais à luz da Bíblia? O que há de comum a todos os casais? O que precisa ser construído a dois? E como construir um novo arranjo familiar, respeitando as distintas personalidades, sem se afastar dos princípios bíblicos? Onde aprender como ser casado (a)? Para trabalhar estas questões têm surgido as chamadas classes para casais.
Palavras-chave: Família, casais, casamento.
INTRODUÇÃO
Nascemos em uma família, e nela somos adjetivados, formados e educados para a vida. Aprendemos a ser filhos sendo filhos ouvintes e/ou obedientes às regras paternas, aprendemos a ser irmãos observando os mais velhos ou negociando espaços com os mais novos.
No momento de planejar o casamento, percebemos que temos imagens e conceitos preestabelecidos, oriundos da nossa casa ou de casais conhecidos. Contudo, por mais que as atitudes sejam corretas e os relacionamentos sejam felizes, o casamento dos outros não será o prenúncio de um novo: os conjugues são diferentes, as idades e vivências são distintas, e o modo como as visões de mundo e os diálogos se estabelecem são diversos, inclusive para outros pares integrantes da mesma geração.
Assim sendo, como conciliar nossos parâmetros com os da pessoa que amamos? Como saber quais são os fundamentos importantes para que esta nova família cresça segura? Como analisar os conceitos pessoais à luz da Bíblia? O que há de comum a todos os casais? O que precisa ser construído a dois? E como construir um novo arranjo familiar, respeitando as distintas personalidades, sem se afastar dos princípios bíblicos? Onde aprender como ser casado (a)?
CLASSE DE CASAIS
Muitas igrejas, reconhecendo a importância de auxiliar os conjugues, têm organizado encontros de casais, cultos com temática especifica para a família, e seminários para homens e mulheres com palestras relacionadas a vida sexual e parental. Mas outras, mais sábias e contextualizadas, estão implantando as chamadas Classes de Casais.
O ideal seria dividir os casais da igreja em diferentes classes de casais, se possível de dez em dez anos de tempo de casamento. Até porque as necessidades e anseios de recém casados são bem diferentes das vivências de casais com dez ou trinta anos de casados:
- Recém casados: ainda em fase de adaptação, os assuntos versariam sobre os conceitos e princípios gerais para promover adaptação e entrosamento inicial, visando uma estabilidade a médio e longo prazos (vide temas em destaque).
- Casais entre 6 meses e 10 anos: ampla adaptação física (espaço, tarefas do lar), social (dinheiro, amigos, e chegada de filhos) e emocional (temperamento, expectativas, humor).
- Casais entre 10 e 20 anos: estão vivenciando filhos em idade escolar e/ou adolescentes com suas ansiedades sobre carreira, fé, amigos, namoro e sexo. Pode ser uma fase de distanciamento do casal por conta das multitarefas a executar.
- Casais entre 20 e 30 anos: hoje é a fase em que muitos divórcios ocorrem – o lar fica vazio, as crises de meia-idade assolam os conjugues e eles precisam realinhar seus projetos de vida conjugal para os futuros anos.
- Casais entre 30 e 40 anos: o casal precisa reencontrar-se nas atividades conjuntas nos tempos ociosos e livres da aposentadoria, por exemplo.
- Casais com mais de 40 anos: precisam elaborar a construção de uma velhice saudável, financeiramente sustentável, o prazer da convivência com os netos e filhos, mas sem abrir mão do tempo a sós para viajar, namorar e descansar.
Casais mais antigos que, espera-se, já tiveram sua primeira adaptação nos primeiros meses, precisam entender que as adaptações são constantes. A idade deve trazer maturidade, uma nova forma de lidar com a vida, além da habilidade em conjugar todas as situações desconhecidas do futuro, das mais cotidianas às mais surpreendentes – e a vida surpreende a todos, seja com filhos não planejados, doenças ou fatalidades inesperadas, negócios que prosperam, ministérios que frutificam, a chegada da velhice e de netos, ou com oportunidades únicas para mudarmos de cidade, de país ou de valores morais. São estes os desafios que a classe de casais maduros deve abraçar.
Neste caso, com um casal de professores também maduro e sábio, com netos e filhos bem formados, que já passou por fases diversas: dos filhos bebês e em idade escolar, de adolescentes barulhentos, dos jovens deixando o lar para escrever uma nova história familiar. Professores que não só entendem mas vivenciam ainda hoje o fato de que crescimento pessoal e união conjugal só são possíveis com o amadurecimento e o entrosamento físico e espiritual do casal, e com exercício e busca constante de amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio – frutos que devem buscar em Deus. Aliás, Deus tem que estar no centro do casamento, e a igreja deve começar em casa, pois cada família é uma pequena igreja. Espírito, alma e corpo devem estar entrelaçados, pois só assim o casal pode estar firme e ser um, estando fisicamente adaptados, buscando aprimoramento constante de suas personalidades e chegando unidos perante Deus.
Nossos casais idosos precisam vivenciar e compreender que na velhice, quando a pele não for mais a de pêssego (mas de maracujá), ou quando os filhos já tiverem partido do ninho, ainda é possível deliciar-se com o prazer do toque e do romance, as conversas ao pé do ouvido, lembranças gostosas para colorir a vida e boas histórias para embalar o amor.
Quando a igreja não tem espaço para diversas classes de casais, minha sugestão é investir em classes para recém casados, independente da idade destes. Por mais que, espera-se, recém casados com idades mais altas sejam mais maduros, ainda assim também estão em fase de adaptação. Mesmo que um ou os dois conjugues estejam num segundo casamento, estão inseridos num novo relacionamento, com novas pessoas e, portanto, completamente diferente do anterior.
Casais mais antigos ou mais velhos em idade poderão participar desde que também sejam novos convertidos. Com o novo nascimento, novas regras e conceitos precisam ser estabelecidos, e é importante que o casal conheça o que a Bíblia diz sobre casamento e sexo, sem correr o risco de continuar pecando ou de assumir o peso de um comportamento que pensam ser pecado, mas não é. Nas duas situações, a falta do ensino bíblico causa uma frieza conjugal – o que contraria a Bíblia, que ensina o quanto a alegria e o prazer podem ser plenos em Deus.
É importante que cada casal passe um período de três a seis meses, e que depois deste tempo possam sair da classe e frequentar as classes de Escola Dominical da igreja, dentro da faixa correspondente. Até porque o casal não será sempre novo convertido ou recém casado, e precisam andar sozinhos, beneficiando-se de outros eventos, como seminários e encontros de casais, ou até mesmo de gabinetes pastorais.
Quanto ao material a ser utilizado, pode-se usar a revista de ED tradicional, com o cuidado de separar um tempo a cada final de aula para abordar um assunto específico. Estes assuntos seriam distribuídos ao longo dos seis meses, se possível participados antecipadamente aos alunos, e podem ser retirados de uma apostila ou de um bom livro a ser estudado por todos. O ideal é que sejam cíclicos, de forma a permitir que o casal entre na classe logo após seu casamento e faça o ciclo inteiro, saindo da turma quando o assunto retornar aonde ele iniciou.
Vale salientar, sete pontos importantes a serem considerados:
É importante que seja um casal reconhecidamente exemplar a dar as aulas.
O casal de professores deve ser de total confiança dos pastores da igreja, pois certamente precisarão aconselhar casais em questões preestabelecidas (sobre que assuntos podem aconselhar)? Quando devem enviar o casal ao gabinete pastoral?
Os professores precisam ser exemplo de conjugues e também de pais amorosos e sábios, tendo seus filhos sob disciplina e amor.
Os professores podem chamar outras pessoas da confiança pastoral para aprofundar assuntos específicos, como sexólogos, economistas, psicólogos, advogados e outros.
Todos os que vão dar aulas precisam se lembrar de que o espaço não existe para compartilhar experiências pessoais, mas conceituais e bíblicas. Mesmo casais mais antigos, ou de idade mais avançada, podem não ser exemplos para os mais novos.
Na sala de aula também não pode haver relatos particulares – não é um espaço terapêutico onde as pessoas falam de suas questões mais íntimas. Toda forma de intimidade, especialmente sexuais, devem ser totalmente abolidas.
Os casais devem ser estimulados a criarem vínculos entre si, mas os professores precisam respeitar a individualidade dos casais, bem como cuidar para que a aproximação exagerada entre diferentes casais não gere mais fofoca e curiosidade sobre a vida íntima deles do que uma verdadeira unidade.
CONTRATO MATRIMONIAL
O casamento começa com o voto. Inicia-se com o compromisso mútuo entre os cônjuges de serem fiéis até a morte. Inicia-se assim, uma nova família que, com ou sem filhos, terá regras próprias, que precisam ser acordadas e assumidas com grande doses de esforço, compromisso e dedicação.
Seguem alguns temas a serem analisados quando na formação da Classe de Casais, que ajudarão os casais a discutirem e acordarem sobre as suas novas vidas e regras.
É fundamental observar o Contrato matrimonial:
Compromisso - Não é uma brincadeira sem conseqüência. Estar casado não é só um estado civil
Determinação – Requer esforço, vontade e querer que dê certo.
Dedicação total - Entrega completa, doação de tudo: do tempo, do corpo, da vontade, dos olhos e do pensamento. Doação do valor e da bondade, mas também dos fracassos e tendências pecaminosas.
Dedicação eterna – O tempo não influencia o contrato: embora tudo mude, ele deve permanecer eterno. Não pode haver condições, enquanto... (você me permanecer fiel, estivermos satisfeitos, não surgir uma pessoa melhor...).
Fé – Acreditar que Deus está acima do tempo, dos sentimentos e dos problemas. Confiar que Ele está presente no nascimento de um filho e nas tragédias que nos surpreendem, como a morte ou o desamor, e que está pronto a nos ajudara superar e reconstruir nossas vidas e nossos sentimentos diariamente.
TEMAS EM DESTAQUE
Deus é o alicerce do casamento.
A primeira função é serem são marido e mulher. A segunda função é serem pais e mães - Os filhos vêm e vão, serão sempre partes de nós, levarão nosso nome e estenderão nossa memória. Serão sempre amados, porém irão crescer e formar suas próprias famílias. Mas o marido e a mulher permanecerão juntos.
É importante observar e conhecer bem a família do cônjuge, pois a tendência é ele ser semelhante a ela em muitos aspectos.
A partir do casamento os pais não mais serão as pessoas mais importantes da vida. O casal pode e deve continuar a amá-los e a honrá-los, porém não mais do que seu cônjuge.
Quem casa quer casa.
O marido não é igual ao pai da mulher, nem a mulher não é cópia das virtudes da mãe do marido.
Hábitos pequenos de higiene, de comportamento à mesa, de organização do espaço e do tempo, podem acabar com a beleza do casamento.
Os conjugues precisam ceder, perdoar, negociar e aprender muita coisa com o outro, de modo a não só conviver, mas bem viver.
Há que haver paciência, acordos para a divisão de tarefas e uso do tempo e espaço da casa. Deve haver respeito para com o trabalho do outro, seja este executado fora ou dentro dos limites do lar e da igreja.
As particularidades de cada um, o modo como se organizam e gerenciam seu espaço e tempo, precisam ser discutidos por ambos os cônjuges.
A administração do dinheiro é do casal, planejada pelo casal. O dinheiro não é mais do marido ou da mulher: é do casal.
Quando a mulher trabalha fora, o marido deve respeitar o trabalho/ocupação da mulher. Compartilhar e participar dos interesses profissionais dela.
Os amigos devem ser do casal, e não de cada cônjuge individualmente.
A intimidade do casal não deve ser discutida com outras pessoas.
Para ajuda, o casal deve procurar conselheiros experientes (pastores) ou profissionais evangélicos.
É importante separar um dia da semana para o casal, e/ou um período diário.
O envolvimento com a Obra de Deus não pode afastar o conjugue da família. Muitas famílias já foram destruídas por causa da falta de equilíbrio na dedicação à Obra.
O sexo é bom, é santo no casamento, e cada cônjuge deve incentivar a continuidade da fagulha, da excitação e do desejo sexual.
É imprescindível a dedicação em comunicar-se, na busca incessante ao conhecimento do outro. O conhecimento do outro dura toda a vida. Nós mudamos ao longo da vida, crescemos e amadurecemos, e temos que assimilar as nossas mudanças e as do nosso cônjuge ao relacionamento.
CONCLUSÃO
O casamento, como vida a dois, exige crescimento de ambos os cônjuges. É necessário crescer espiritual, física, emocional e socialmente para assumir um casamento. E este crescimento precisa ser contínuo, independente do tempo de convivência de um casal.
Um casal que frequenta uma classe de ED tem maior chance de tornar-se mais unido espiritualmente, sustentando-se e ajudando-se mutuamente. Aprendem a importânciado contato espiritual entre os cônjuges, que é fundamental que o orem e jejuem juntos pelos problemas pessoais ou específicos do relacionamento; discutam e estudem temas bíblicos em conjunto, cantem e cultuem com a família. Até porque, dentro do aspecto espiritual, o casamento requer e coopera para a união, santificação e comunhão – garantia de orações respondidas (1 Pe 3.7).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CRUZ, Elaine.Sócios, Amigos e Amados. Os três pilares do casamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
GANGEL, Kenneth O.; HENDRICKS, Howard G.Manual de Ensino para o Educador Cristão: Compreendendo a natureza, as bases e o alcance do verdadeiro ensino cristão.1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.
SMITH, Debra White. Apaixonando-se por seu marido. Desfrutando juntos uma vida prazerosa. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
GILHAM, Anabel; GILHAM, Bill. Conversas francas sobre o casamento. Construindo um relacionamento duradouro. 7.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
JOHNSON, Greg; YORKEY, Mike. A segunda década do amor. Renovando o casamento antes que os filhos saiam para viver suas próprias vidas. 1.ed.Rio de Janeiro: CPAD, 1996.
HUGHES, Barbara; HUGHES, Kent. Disciplinas da Família Cristã. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
Amei essa página.( blog). Queria muito aprender mais para poder ajudar alguns casais .Amei ..Parabens
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